Cerca de 168 milhões de crianças são vítimas de trabalho infantil, de acordo com estimativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgada nesta segunda-feira (12) – Dia Internacional contra o Trabalho Infantil. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) denuncia que mais de 20 em cada 100 crianças entram no mercado de trabalho por volta dos 15 anos. Somente no Brasil são 2,4 milhões de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, vítimas de trabalho infantil, de acordo com levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A educação pode mudar isso.
No processo de educar o ser humano, leva-se em consideração a Educação familiar, onde são transmitidos os valores e costumes daquele núcleo, e a Educação formal, responsável por transmitir os ensinamentos curriculares, desenvolver competências e promover o desenvolvimento pessoal e social. A evolução da espécie Homo sapiens ocorreu dada a sua diferenciada capacidade cognitiva, que possibilitou superar todos os obstáculos durante a Pré-história e tornar-se a espécie humana mais hábil no processo evolutivo.
Dando um salto histórico, na era contemporânea, especialistas e estudos comprovaram que as nações preocupadas com seu desenvolvimento econômico, devem investir desde a Primeira Infância na Educação de seus cidadãos. Do mesmo modo, a neurociência e a economia já atestaram os resultados significativos em pesquisas cognitivas e na economia aferida no investimento realizado em Educação por indivíduo x redução do custo social.
O desenvolvimento pessoal, econômico, social e civilizatório, estão relacionados às oportunidades educativas e para as populações mais pobres, a educação é a única maneira para se romper o ciclo de exclusão social e de violação de direitos.
Nas duas últimas décadas, segundo a organização, o mundo tem feito progressos constantes na redução do trabalho infantil. Mas com os conflitos e as crises dos últimos anos e ainda a pandemia de covid-19, mais famílias ficaram na pobreza, o que obrigou milhões de crianças a trabalhar.
Assim, para que todos continuemos progredindo, a fim de mudar a realidade drástica a que muitas famílias brasileiras pobres e extremamente pobres vivem, é preciso priorizar a Educação de qualidade como política estruturante e investir na Educação Integral das crianças pequenas e no Ensino Profissionalizante, se quisermos gerar oportunidades e romper o ciclo vicioso entre pobreza e trabalho precoce. Afinal, a relação escola x trabalho infantil é perversa para as crianças e adolescentes pobres, cujas famílias contam com a renda deles para a sobrevivência e vislumbram a atividade laboral como uma proteção contra o envolvimento com a criminalidade, reforçando mitos de que o trabalho precoce deve ser imposto às populações mais vulneráveis.
A realidade, contudo, mostra o oposto: quanto mais cedo se trabalha, menor é a possibilidade da criança ou adolescente de mudar sua estória, trajetória de vida e alterar o padrão econômico do seu grupo familiar. O trabalho infantil traz inúmeros prejuízos ao desenvolvimento do ser humano e conciliar a atividade laboral com os estudos é tarefa impossível e que resulta na evasão escolar, pois as atividades realizadas nessas circunstâncias estão, em maior parte, entre as piores formas de trabalho disponíveis e inseridas nas categorias insalubres, penosas e perigosas.
Imenso é o desafio da educação brasileira e seus profissionais no combate ao trabalho infantil e requer a articulação de vários agentes e iniciativas: identificar e notificar os casos, sensibilizar as famílias e a comunidade, manter o interesse das crianças e dos adolescentes na escola e somar esforços com a rede de proteção social. Desafio maior ainda é o do País em colocar a educação como uma prioridade, com contínuo e adequado investimento em infraestrutura, insumos pedagógicos, formação e valorização salarial dos profissionais. O desafio de fazer entender a Educação como ferramenta na transformação da vida de milhares de crianças, adolescentes e suas famílias, classificadas na pirâmide social brasileira como pobres e extremamente pobres e assegurar a elas um dos direitos fundamentais mais significativos na evolução da espécie humana – o de aprender.
Na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas (ONU), as nações signatárias devem focar em prioridades para transformar o mundo. Não por acaso, entre seus objetivos estão: assegurar a Educação inclusiva e de qualidade, com oportunidades de aprendizagem para todos (as) e gerar crescimento econômico com emprego pleno e trabalho decente para promover a justiça social.
Fonte: Agência Envolverde Jornalismo