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Contee denuncia, no Senado, incompetência do governo na educação

Rodrigo representou a Contee na sessão especial. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Durante sessão especial remota do Senado comemorativa do Dia do Professor, realizada na sexta-feira, 22, o professor Rodrigo de Paula, representando a Contee e o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep), registrou que a suspensão das aulas presenciais, em 2020, levou os professores a improvisar meios de ensino à distância sem nenhum apoio do governo.

“Nós temos alunos da rede pública que estão há quase dois anos sem assistir aulas, porque o governo não teve competência de se reestruturar, de dar as condições para que os nossos educandos e os professores dessem continuidade”, denunciou Rodrigo, para quem “essa precariedade revela as enormes desigualdades do setor educacional e levará o país a regredir na comparação com outras nações”.

Os participantes de sessão defenderam no Plenário do Senado a valorização dos profissionais da educação. O autor do pedido da homenagem, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), afirmou que o problema da evasão escolar no Brasil também se aplica aos professores, que migram para outras profissões em busca de melhores salários e condições de trabalho.

Ao abrir os trabalhos, realizados a partir da sala de controle da Secretaria de Tecnologia da Informação (Prodasen), o senador afirmou que no Brasil “o que vemos são professores tratados com violência física e moral, além de escolas mal cuidadas e, quase sempre, sem infraestrutura adequada para dar a educação que nossas crianças e jovens precisam. A inversão de valores, neste país, é algo assustador. Como podemos exigir de nossas crianças e adolescentes que respeitem seus mestres se o Estado os trata como se bandidos fossem?”.

Falta reconhecimento

Os profissionais do ensino, desde 2020, tiveram que se adaptar rapidamente às circunstâncias da pandemia, mas sentem falta do devido reconhecimento. Ana Elisa de Oliveira Resende, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), pontuou que os professores “dormiram analógicos e tiveram que acordar digitais” com a pandemia, e defendeu a importância harmônica do professor e da escola na formação geral do cidadão.

“O desafio de garantir a aprendizagem de cada aluno, respeitando a sua particularidade, é muito complicado. Somente professores conseguem ter a capacidade para isso, e creio que as famílias puderam perceber isso durante a pandemia, a importância de um professor que tem uma expertise e que tenha preparo para ensinar”, afirmou.

Diretora do Centro de Ensino Fundamental (CEF) Caseb, em Brasília, Angelita Amarante Garcia salientou que os professores trabalharam muito durante a pandemia e prestaram apoio importante aos alunos que sofreram psicologicamente com o isolamento. “Que o professor seja valorizado, com melhores condições de trabalho, com melhores recursos e também com melhores salários. Nós precisamos ter também uma paz, uma tranquilidade para poder nos dedicar, dia a dia, à nossa comunidade escolar, à nossa missão. E, para isso, precisamos ser reconhecidos”, disse.

Luis Carlos Loyola, professor de português e robótica, ressaltou que, na busca do reconhecimento, o professor quer ter qualidade de vida. “Isso envolve ele saber que a escola dele tem estrutura, que ele pode acolher os seus alunos, que ele, como professor, tem uma internet que vai funcionar, que ele pode fazer um trabalho mais sério ainda, mais sólido ainda e mais dedicado ainda para que isso dê certo. E tempo: tempo para se preparar, tempo para estudar, para fazer cursos”.

Desafio pós pandemia

Amábile Pacios, vice-presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares de Educação (Fenepe) e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), lembrou o grande desafio da retomada da educação no país depois do período de pandemia. A presidenta da organização Todos Pela Educação, Priscila Cruz, definiu que o professor “não é nem coitado, nem herói”, mas o principal profissional deste país, sendo digno de seguir uma carreira atraente e ter uma boa formação inicial. Ela pediu reconhecimento às dificuldades adicionais enfrentadas pela categoria em decorrência do período de pandemia. Alertou que “agora é muito importante, nesta retomada das aulas presenciais, a gente saber cuidar do professor”, cobrando políticas públicas bem implementadas e em aperfeiçoamento contínuo.

A estudante do ensino fundamental, Maria Eduarda Silva Reis, leu mensagem de apoio aos professores no enfrentamento de seus desafios. Gicileide Ferreira de Oliveira, diretora do Centro de Ensino Especial do Guará (DF) – escola pública que atende a alunos com deficiência, definiu os professores como guerreiros que se doam em prol dos estudantes e alertou para a dificuldade de proporcionar inclusão e autonomia aos alunos em salas superlotadas.

Valquiria Theodoro, mãe e ativista pela educação especial, cobrou adequação tecnológica da área educacional com “engajamento, foco e comprometimento” do poder público. E Maria das Graças de Freitas de Abreu, mãe de aluno do Centro de Ensino Especial do Guará, avaliou que o aprendizado da crise da covid deveria entrar como “uma graduação, uma especialização, um título a mais” nos currículos dos professores.

O Dia do Professor é comemorado em 15 de outubro, aniversário da lei imperial de 1827 que estabeleceu o ensino fundamental no território nacional. A data começou a ser celebrada em alguns estados nos anos 1940 e se tornou uma data nacional, além de um feriado escolar, em 1963.

Carlos Pompe, com informações da Agência Senado