As mantenedoras das instituições de ensino superior querem impor um teto ao salário das professoras e dos professores, negaram repor as perdas causadas pela inflação e insistem em reajuste de 6% parcelado entre 4% agora e 2% em janeiro de 2023 mesmo diante de uma inflação crescente, que chegou a 10,57% na data base das categorias, em 1º de março.
“É o impasse. O patronal decidiu que não quer repor a defasagem nos salários, mas dizem que “querem negociar”? Isso não é uma negociação de verdade”, disse Celso Napolitano, coordenador da comissão de negociadores dos sindicatos integrantes da Fepesp (na qual o Sinpro-Sorocaba faz parte) na rodada de negociação desta quarta-feira (18), da campanha salarial do ensino superior.
No início da sessão, os representantes das instituições foram informados do resultado das assembleias realizadas pelos sindicatos integrantes na sexta-feira (13) e sábado (14). Todas rejeitaram os 4% + 2% do patronal. “Não dá para suportar uma defasagem nos salários no nível em que está ocorrendo”, disse Napolitano. E essa defasagem fica ainda pior com a forma como as instituições cortam seus custos com a redução de carga horária, alteração de grade curricular, disciplinas em EaD e “ensalamentos” – ou juntada de salas de turmas de períodos ou mesmo cursos diferentes em uma mesma aula.
Mobilização da categoria; é agora! – Como forma de tentar superar o impasse os negociadores dos sindicatos propuseram submeter as propostas à mediação pelo vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho, em uma fase denominada pré-processual. Não é o dissídio coletivo, mas uma tentativa de conciliação, sem caráter normativo e sem que as partes se obriguem a aceitar a proposta conciliatória. Mesmo assim, os representantes patronais recusaram qualquer forma de mediação e fincaram pé no que foi oferecido até agora – ou seja, sem reposição da defasagem provocada pela inflação.
“Temos que nos organizar, ampliar nossa mobilização para fazer andar a negociação”, conclui Celso Napolitano. Os sindicatos irão discutir formas de mobilização com a categoria. “Todos devem ficar atentos às chamadas dos sindicatos. As assembleias já se manifestaram. Não aceitamos salários sem a correção da defasagem. Vamos ampliar nossa mobilização e romper esse impasse”.
Recuo patronal pela ultratividade – Os representantes das instituições cederam, entretanto, na negociação desta quarta, à reivindicação dos sindicatos e concordaram com a manutenção de todas as cláusulas da convenção coletiva do ano passado, o que é conhecido como “ultratividade das normas”, até o dia 12 de julho. Portanto, todos os direitos de professoras e professores estão preservados até essa data.
Então já sabe – “Agora, a saída é a mobilização. Temos que nos organizar e demonstrar o descontentamento com a atuação das mantenedoras na negociação. E vencer o impasse com o poder e a disposição de luta das categorias”, conclui Celso Napolitano.
Todos devem ficar atentos às convocações do Sinpro-Sorocaba. A manifestação das assembleias foi contundente: não aceitamos salários sem a reposição da inflação. Discuta essa situação com seus colegas, nas instituições de ensino ou nas plataformas remotas.