O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (8), será marcado por atos em todo o país, com bandeiras como a do salário igual para trabalho igual, mais direitos, empregos, valorização, segurança e respeito. A manifestação principal será na Avenida Paulista, a partir das 17h, com concentração no Vão Livre do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).
Com o tema “Mulheres em defesa da Democracia”, o evento é organizado pelo Fórum Nacional de Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais (FNMT) e movimentos feministas e contará com ampla participação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (confira aqui o panfleto com as pautas da CTB).
Antes disso, às 11h, no Palácio do Planalto, em uma cerimônia com ministras e lideranças femininas de todo o país, o presidente Lula anunciará um pacote de medidas para reforçar a luta contra a violência e pela igualdade de gêneros em todos os espaços da sociedade, inclusive no mercado de trabalho.
Retomada de avanços
De acordo com a secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, Celina Arêas, após quatro anos de retrocessos com Jair Bolsonaro, a expectativa de retomada de avanços nas políticas públicas para as mulheres com o governo Lula é positiva. Segundo ela, o 8 de março será marcado por manifestações de resistência e lutas.
“Estaremos com o Lula no Planalto em comemoração ao 8 de março, quando o presidente anunciará várias leis que nos fortalece, inclusive salário igual para trabalho igual. Nós, mulheres, lutaremos por mais democracia, por mais direitos e por mais mulheres nos espaços de poder. Salário igual para o trabalho igual. Por um Brasil sem violência, com mais democracia e com mais direitos para nós mulheres”, sentenciou.
Mobilização contra sistema político e econômico
Na avaliação da vice-presidenta da CTB de Santa Catarina, Silvia Regina Rosso, as mulheres têm que se mobilizar contra o sistema político e econômico que explora e se utiliza da força de trabalho feminino. “Ao longo da história, nós mulheres trabalhadoras sempre estivemos na linha de frente de todas as lutas populares, por direitos e melhores condições de vida. Carregamos em nós o fardo da exploração capitalista, patriarcal e racista, que nos oprime enquanto mulheres”, afirmou.
Já a vice-presidenta do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Ana Paula Pereira, destacou a importância dos exemplos de mulheres na linha de frente para garantir o fim das discriminações no trabalho entre mulheres e homens. “Eu espero que a gente possa viver com igualdade de salários e direitos para que as mulheres tenham segurança para ir onde elas quiserem ir e o fato de ela ser mulher não impeça os seus sonhos”, disse.
Exceção à regra
A diretora plena da CTB, Ana Paula Pereira Melo, que também é presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sorocaba (SSPMS), ressaltou o fato de a entidade ser composta em sua maioria por mulheres, mas lamentou que isso seja uma exceção nos dias atuais.
“Embora tenhamos que lutar todos os dias para conquistar o nosso espaço é muito importante que nós, mulheres, servidoras públicas, tenhamos consciência do nosso valor, pois estamos à frente de uma sociedade e oferecendo serviço público à população. Então, qual é a nossa luta? Mantermos um serviço público de qualidade e também termos condições para prestar esse serviço. Nós, mulheres, temos que nos unir, nos fortalecer e continuar juntas na luta por melhores condições e valorização”, requereu.
No mesmo sentido, a presidenta da CTB Rondônia, Niedja Santana, clamou pela valorização da mulher no serviço público brasileiro. “Assim como na sociedade, somos também maioria nos serviços públicos, onde a mulher leva o seu olhar holístico para a execução das políticas públicas para a sociedade. Nesse sentido, entendemos que, se tem trabalho, tem que ter salário igual”, enfatizou.
‘Nada nos sujeite, nada nos submeta, nada nos limite’
A secretária de Políticas para a Juventude Trabalhadora da CTB, Beatriz Calheiro, por sua vez, ressaltou a luta das jovens mulheres trabalhadoras para reverter o cenário. “Aquelas que estão começando no estágio, como jovens aprendizes, aquelas que estão procurando trabalho. Que a gente possa, não só nesse mês de março, mas durante todo esse ano, conquistar o primeiro emprego, conquistar melhores condições de trabalho e o salário igual para o trabalho igual. Que a gente possa, unidas, vencer todas as dificuldades e barreiras que têm atingido a vida das mulheres. Que nós, jovens mulheres trabalhadoras, possamos estar fortes para um futuro vigoroso de lutas onde nada nos sujeite, nada nos submeta, nada nos limite. Que a liberdade seja a nossa própria substância”, projetou.
Mais lutas
Outras lutas da CTB por igualdade e respeito pedem a ratificação da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata das violências no trabalho e nos espaços públicos, a exemplo de assédios moral e sexual, a retomada da política de valorização do salário mínimo e a oferta de creches e escolas públicas de qualidade em tempo integral.
Além disso, a promoção e políticas públicas ativas de geração de trabalho e renda que eliminem as desigualdades de acesso, permanência e remuneração no mercado de trabalho para mulheres, população negra, juventude, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência.
“A desigualdade de gênero no mercado de trabalho reproduz e reafirma o desequilíbrio já existente em todas as esferas da sociedade, sob forma de machismo. Os veículos de imprensa mostram que a cada quatro horas uma mulher é assinada. Enfrentamos um outro grande problema em nosso país. O problema da desindustrialização e seus impactos na vida da sociedade brasileira, onde as mais prejudicadas são as mulheres, que são as últimas a entrarem no mercado de trabalho e as primeiras a saírem. É preciso que o país cresça e gere renda e emprego de qualidade, mas é necessário também enfrentar as desigualdades de gênero e raça e que as mulheres tenham mais voz na sociedade”, cobrou a diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari e da CTB Bahia, Angela Arcanjo.
Foto: Divulgação / CTB